Totalmente sumida daqui, mas ando publicando em outras bandas. Tem algumas coisas minhas no Meninas Black Power,
mas hoje vou compartilhar aqui um texto que escrevi para lá. Hoje estou
com saudade da ressaca de carnaval e esse texto foi escrito em uma
ressaca de carnaval.
Vamos ao texto!!!
Na escola aprendi que somos todos iguais. Aprendi que somos regidos por um documento que nos assegura o direito de sermos livres. Mas no carnaval sempre escuto canções que buscam uma liberdade desconhecida. Vejo nos olhos e nos cantos de meus semelhantes, grilhões tão enraizados que a tinta da Princesa Isabel não conseguiu libertar até hoje. Vejo pessoas que são levadas a acreditar que o(a) negro(a) pertence ao gueto e que só pode sair de lá em época de carnaval. Só podem se mostrar naqueles poucos dias, mas depois que passa a festa do carnaval cada um é obrigado a ocupar o lugar que lhe é imposto.
O mundo que descrevo poderia ser o de 1988 quando os compositores da Mangueira (Hélio Turco, Jurandir e Alvinho) compuseram “Cem anos de liberdade, realidade e ilusão”, escarnecendo feridas tão ocultas do negro, negro este que construiu o país. Negro(a) este(a) que não é reconhecido(a). Negro(a) que questiona onde está a liberdade que foi assinada.
Este mundo descrito poderia ser apenas uma explicação da ficção que podemos ver em Lado a Lado, novela da Globo. Quando os(as) negros(as) só podiam se divertir nos cordões de carnaval ou em suas festas internas e escondidas. Mas esta novela pode ser chamada de ficção? Podemos chamar de ficção quando um(a) negro(a) é impedido(a) de entrar em um clube de classe média independente de sua situação financeira? Podemos chamar de ficção quando o(a) negro(a) é varrido para as margens da sociedade e para as favelas, como se lá fosse seu lugar? Podemos chamar de ficção quando um(a) negro(a), ao entrar em uma loja. atrai instintivamente todos os olhares? Onde está a liberdade assinada? Onde fica a liberdade quando ensinam que o lugar do(a) negro(a) não é nos carros luxuosos, nas confeitarias requintadas, no quiosque de classe alta? Como ficam as crianças quando são enxotadas de locais como esses? Como cuidar dos futuros negros e negras do nosso Brasil? Como assegurar que em 100 anos não cantemos as mesmas músicas buscando liberdade?
Direção: Lucas N
Só consigo pensar: tenho sorte, tenho gente como a Tai na minha vida.
ResponderExcluirMe sinto representada pelas suas palavras, reflexões e questionamentos.
Ju, sem palavras. <3 Obrigada pelas palavras... tu sabe que te admiro!!!
ExcluirBeijo!